Nos últimos tempos, Cruz Alta, cidade conhecida por sua história e cultura, tem enfrentado um desafio inesperado: a presença recorrente de cavalos soltos pelas ruas. Uma situação que não apenas coloca em risco a segurança dos moradores, mas também expõe esses animais a condições precárias e perigosas. Diariamente, dezenas desses equinos são avistados perambulando pelas vias públicas, criando não apenas um problema de ordem pública, mas também um dilema humanitário.
A preocupação da comunidade vem crescendo, e não é para menos. Os relatos de cavalos soltos tornaram-se tão frequentes que o apelido irônico de "Cruz Alta, a terra dos cavalos preciosos" ganhou espaço nas conversas locais. A situação atingiu um ponto em que se tornou imperativo agir, não apenas para garantir a segurança dos cidadãos, mas também para proteger esses animais indefesos.
Nesse contexto, o Vereador Gustavo Bilibio (MDB) propôs uma medida crucial: a formação de uma Comissão Especial para abordar o problema dos cavalos soltos nas vias públicas. Nesta quinta-feira, dia 09/05, está agendada a primeira reunião dessa comissão, que promete ser um marco no enfrentamento desse desafio.
O encontro reunirá os vereadores designados para a Comissão, o Secretário de Agricultura e Bem-Estar Animal do município, representantes da sociedade civil e membros da comunidade afetada por esse problema. A pauta será ampla e urgente: avaliar as ações já implementadas pela prefeitura, discutir as causas subjacentes do problema e, o mais importante, buscar soluções concretas e eficazes para resolver essa questão de uma vez por todas.
Não faltam exemplos do impacto negativo que a presença de cavalos soltos pode ter. Na última semana, um cavalo foi encontrado morto no bairro Abegay, deixando os moradores perplexos e indignados. Relatos como esse, somados a casos de animais feridos e abandonados, como a égua que teve os olhos perfurados meses atrás, apenas reforçam a urgência de uma ação coordenada e efetiva.
O jornalista Fernando Kopper fez um balanço dos incidentes envolvendo equinos nos últimos anos, destacando a urgência de medidas efetivas. Em janeiro de 2022, um grave acidente na BR-158, km 199, envolvendo um veículo de uma empresa local e um cavalo, resultou no condutor ficando preso às ferragens, exigindo a intervenção do Corpo de Bombeiros. Um ano depois, em janeiro de 2023, outro acidente ocorreu na ERS-342, onde um carro atropelou um cavalo, resultando na morte do animal. Na mesma ocasião, uma égua prenha também foi atingida e teve que ser sacrificada devido aos ferimentos graves.
Recentemente, no dia 19 de fevereiro de 2024, internautas compartilharam imagens de um cavalo visivelmente debilitado, apresentando machucados e se alimentando de restos de alimentos em um contêiner na Rua Josino Lima, na Vila Rocha. Um dos moradores postou em sua rede social a preocupação e indignação, relatando ter fornecido água e medicado os cortes do animal para evitar infecções, mas questionou a responsabilidade sobre o bem-estar do cavalo: "O cavalo tomou dois baldes de água e estava comendo lixo, coloquei spray com medicação nos cortes do animal para não sentar moscas, mas ele é de quem? Faz dias que anda por aqui." Esses incidentes ilustram a gravidade da situação e reforçam a necessidade de ações imediatas para resolver o problema dos cavalos soltos em Cruz Alta.
Apesar das leis federais que proíbem o abandono de animais e preveem punições severas, como a Lei Federal 14.064/20, a realidade persiste. Cavalos abandonados continuam sendo uma cena comum em muitas cidades brasileiras, incluindo Cruz Alta. É hora de agir, não apenas em nome da segurança pública, mas também em defesa dos direitos dos animais.
A reunião marcada para esta quinta-feira no Salão Nobre da Câmara de Vereadores representa uma oportunidade crucial para a comunidade se unir em busca de soluções. A situação dos cavalos soltos em Cruz Alta não pode mais ser ignorada. É hora de encontrar respostas, tomar medidas concretas e garantir um futuro mais seguro e humano para todos os envolvidos.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper