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Polícia Civil indicia dois médicos por suspeita de negligência após morte de menina por dengue em Passo Fundo
10/07/2023 10:25 em SAÚDE

A Polícia Civil anunciou na última quinta-feira, 06/07 o indiciamento de dois médicos suspeitos de negligência no atendimento de Valentina Spesotto, uma criança de 10 anos que veio a óbito em abril deste ano em Passo Fundo, em decorrência da dengue.

Segundo a delegada Daniela Minetto, a investigação revelou uma “cadeia de erros” que teria contribuído para a morte de Valentina. Inicialmente, a criança foi levada a um consultório particular para ser atendida por seu pediatra, que a medicou sem realizar um teste para verificar a presença da dengue.

Com relação ao pediatra de Valentina, entendemos que, nove dias antes de seu falecimento, ela passou por uma consulta na qual o médico diagnosticou apenas um problema de garganta e prescreveu medicação”, explicou Minetto. “Cinco dias depois, aproximadamente dois dias antes do óbito, ela retornou com febre, e os pais questionaram se poderia ser dengue. O médico descartou essa possibilidade, não solicitando o exame mesmo com o município enfrentando um surto da doença“, acrescentou a delegada.

Quando o estado de Valentina piorou, sua família procurou o Hospital São Vicente de Paulo em Passo Fundo. No entanto, a demora no atendimento por parte de uma médica teria contribuído para o falecimento da menina, conforme as investigações. Testemunhas confirmaram à Polícia Civil que a enfermeira-chefe tentou entrar em contato com a pediatra responsável pelo caso, mas recebeu resposta apenas duas horas depois.

A respeito da médica que atendeu Valentina no hospital, constatamos que houve demora no atendimento após a confirmação de que ela estava realmente com dengue. Vários profissionais da enfermagem do próprio hospital relataram essa demora, o que caracteriza negligência e omissão por parte da profissional“, destacou a delegada.

A RBS TV Passo Fundo entrou em contato com a defesa do médico Gaspar Fontoura Mariano da Rocha Filho, responsável pelo atendimento inicial de Valentina. Em nota, o advogado José Schneider, que representa o médico, afirmou que “o investigado colaborou com a investigação, prestando suas declarações, ocasião em que ficou demonstrado que sua conduta médica não possui qualquer relação com o lamentável e trágico evento morte“. A defesa da médica Simone Medeiros Beder Reis, que atendeu a criança no hospital, também se pronunciou por meio de nota, afirmando que a médica colaborou com as investigações e que suas condutas durante o plantão foram corretas e transparentes.

O Hospital São Vicente de Paulo informou, por meio de nota, que está acompanhando e colaborando com as autoridades competentes no caso. A instituição não confirmou se a médica em questão foi afastada de suas atividades.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) informou que ainda não recebeu a denúncia oficial, mas que abrirá uma sindicância assim que isso ocorrer. O Cremers ressalta que a denúncia pode partir da Polícia Civil, da família de Valentina ou do Ministério Público.

A família de Valentina optou por não se manifestar sobre as conclusões da investigação. O caso será encaminhado ao Poder Judiciário e deverá ser analisado pelo Ministério Público.

Nota da defesa do médico Gaspar Fontoura: “A defesa informa que, embora cadastrada no inquérito, e mesmo requerendo acesso a novas informações, não teve acesso ao relatório de indiciamento, tendo ciência do mesmo pela imprensa.

Esclarece-se que o investigado colaborou com a investigação, prestando suas declarações, ocasião em que ficou demonstrado que sua conduta médica não possui qualquer relação com o lamentável e trágico evento morte.

No mais, reforça-se o respeito pela dor da família enlutada.

Nota de defesa da médica Simone Reis: “A defesa registra que a médica colaborou com as investigações, estando à disposição das autoridades competentes para aquilo que for necessário.

Registra-se, também, que a correção e a lisura das condutas adotadas durante o plantão médico foram comprovadas em seus esclarecimentos perante a autoridade policial.

Consigna-se, por fim, o mais profundo respeito à família da vítima.

Matheus da Silva Antunes OAB/RS 123.344

Com informações: Fernando Kopper

Fonte: G1

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