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Sogra de médico assassinado em Caxias é presa como suspeita de ser a mandante do crime
POLÍCIA
Publicado em 08/11/2022

A Polícia Civil afirma ter esclarecido o assassinato do médico Guilherme de Oliveira Lahm, 34 anos, ocorrido na noite de 27 de março deste ano, em Caxias do Sul. O comunicado foi divulgado nesta segunda-feira (7), informando quatro prisões, mas sem dar detalhes sobre os presos ou a motivação do assassinato. A polícia não divulgou os nomes, mas a reportagem apurou que uma das pessoas presas é Iolda Denacir Maciel Borges, 55, sogra de Guilherme. Ela teria pagado R$ 20 mil para que matassem o genro.

A sogra era apontada como suspeita do homicídio pela família do médico, ainda que nunca confirmado oficialmente pela investigação. As desavenças entra ela e o genro eram conhecidas, inclusive com registros de ocorrências anteriores ao crime na Polícia Civil. O motivo, segundo apurado pela reportagem, era o controle da sogra sobre a filha e os dois netos. Guilherme chegou a restringir as visitas da mulher aos netos.

Desde o início, familiares e amigos do médico testemunharam apontando a sogra como possível mandante. Contudo, o delegado Caio Márcio Fernandes, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sempre pregou a cautela. Ele argumentava que a enxurrada de informações e boatos em um mesmo sentido poderia ser do interesse de outros suspeitos, por isso a investigação não descartava nenhuma hipótese.

Essa mesma cautela é vista neste momento das prisões. O delegado não confirmou que a sogra foi presa. Sequer informou o gênero ou a idade dos presos, o que costuma ser padrão nas notas emitidas. As únicas informações sobre a Operação Doutor – nome dado a ação que resultou nas prisões – foram que quatro “indivíduos” foram presos temporariamente e dois revólveres calibre .38 foram apreendidos.

— Não divulgaremos por uma questão do momento da investigação. Tem a lei de abuso de autoridade e também temos que preservar a apuração. Acredito que, tão logo o Ministério Público faça a denúncia, eventualmente poderá se explorar um pouco mais. O importante é dizer a sociedade que o caso está esclarecido. Foi um trabalho bastante árduo, de muita dedicação dos policiais, mais de sete meses de investigação e que tivemos êxito de esclarecer. É uma demonstração que crimes demandam tempo para serem esclarecidos — declarou.

As prisões aconteceram na quinta e sexta-feira (4), sendo três em Caxias do Sul e um em Santa Catarina. Um dos primeiros presos, um homem, 36 anos, prestou depoimento à Polícia Civil e declarou que foi a sogra da vítima a mandante do crime. Foi ele que afirmou que a mulher ofereceu R$ 20 mil pela execução.

O relato confirmou o que sempre foi a principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios: que os três executores não tinham relação com o médico, sendo apenas contratados para o assassinato. Imagens de câmera de monitoramento mostraram que eles utilizaram um Onix escuro, que tinha placas adulteradas. A Polícia Civil ainda procura por este automóvel.

O delegado Fernandes acredita que um dos dois revólveres apreendidos na investigação foi o utilizado no crime. A arma foi enviada para comparação balística para confirmar esta hipótese.

Guilherme foi morto com três tiros na frente da família na noite de 27 de março. Ele havia retornado de um show sertanejo e buscava os dois filhos na casa da mãe, na Rua General Mallet, quando o atirador chegou a pé. As imagens colhidas pela polícia mostram o homem encapuzado chegando correndo pela Rua Germano Parolini e atirando até o médico cair no asfalto.

Um dos tiros atingiu a porta da caminhonete Ranger vermelha do médico, onde estava a esposa e os dois filhos, de um e três anos. Guilherme foi baleado no peito e ombro esquerdo. Esta execução rápida e direta do médico é o que descartava um latrocínio (roubo com morte).

As imagens das câmeras do bairro Rio Branco mostraram os dois comparsas do homicídio. Um motorista que ficou no Onix e outro “olheiro” na via pública. O fato do crime ter sido executado em frente à casa da mãe do médico, onde ele buscava os filhos, sugeria que os autores possuíam informações privilegiadas da rotina dele, ou seja, alguém próximo estava envolvido no assassinato.

O advogado Cleberson Cabral, que representa Iolda, foi contatado e disse que estava em uma emergência médica e não conseguiria atender a reportagem no momento.

 

 

Foto: Polícia Civil / Reprodução

 

Fonte: GZH

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