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Polícia de Viamão indicia sócio e dois funcionários de empresa após morte de 30 cães que ingeriram ração contaminada
POLÍCIA
Publicado em 29/10/2022

A Polícia Civil de Viamão concluiu e remeteu à Justiça, nesta sexta-feira (28), o inquérito sobre a morte de cães que foram contaminados por ração imprópria para o consumo. Conforme a investigação, o consumo do alimento teria causado a morte de pelo menos 30 animais na cidade da Região Metropolitana, além de casos em outros municípios. Dezenas de cachorros tiveram lesões hepáticas, segundo apuração.

O sócio e dois funcionários responsáveis pelo controle de qualidade de uma empresa de Santa Catarina foram indiciados por crime contra as relações de consumo. A empresa também consta no indiciamento e foi notificada administrativamente. No início da investigação, já haviam sido adotadas as providências cabíveis junto ao Ministério Público.

O caso foi apurado pela titular da 1ª Delegacia de Polícia de Viamão, delegada Jeiselaure de Souza. Segundo ela, os três indiciados e mais a empresa vão responder por ter em depósito para vender, expor à venda ou entregar matéria-prima ou mercadoria em condições impróprias ao consumo. A pena, em caso de condenação, é de detenção, de dois a cinco anos ou multa.

O nome dos indiciados e da empresa não foram divulgados. Mas GZH apurou que se trata da Andrealan Nutrição Animal.

 Jeiselaure diz que grande parte dos mais de 30 cães mortos é de um abrigo no município e que os responsáveis pelo local são considerados vítimas. Ela destaca que a apuração terá novos desdobramentos, inclusive em outros distritos policiais nos quais foram registradas ocorrências semelhantes.

 Conforme laudos técnicos de laboratório privado e do Ministério da Agricultura, os animais apresentaram diagnóstico de lesões hepáticas severas, compatíveis com a intoxicação. A delegada diz que amostras analisadas foram retiradas da sede da empresa e de um caminhão abordado pelos técnicos e pela polícia ainda na fase inicial do inquérito.

 — Conseguimos abordar um caminhão da empresa que havia retirado as rações de uma agropecuária de Viamão. Amostras desse veículo foram a principal prova do nosso trabalho, já que a ração estava mesmo contaminada — diz Jeiselaure.

 Contaminação

A delegada afirma que, conforme os pareceres técnicos, não há limites máximos previstos em legislação para a quantidade de aflatoxina nas rações. No entanto, estudos apontam que taxas altas podem trazer prejuízos à saúde dos cães. No caso investigado pela polícia de Viamão, a quantidade estava bem acima de limites seguros para alimentação animal. A contaminação é causada por um fungo.

No caso de Viamão, a ração estava contaminada por aflatoxina e por zearaleona. Aflatoxina é uma toxina produzida por espécies de fungos do gênero Aspergillus. É um dos principais tipos de toxinas que estão presentes em diversos alimentos, sendo considerada uma contaminação que representa risco para a saúde de humanos e animais domésticos. Já a zearaleona, que também é uma micotoxina, contamina frequentemente cereais, mas também outros produtos como bananas e tomates.

 

Contraponto

O que diz a Andrealan Nutrição Animal

GZH entrou em contato, nesta sexta-feira, com a Andrealan Nutrição Animal e aguarda retorno.

Anteriormente, o departamento jurídico da Andrealan Nutrição Animal informou que a empresa recomendava a suspensão imediata do consumo da ração em todos os casos relatados, assim como comercialização e a distribuição dos lotes de produção. Foi divulgado também que a indústria realizava um “rigoroso processo de investigação” quanto à suposta relação de consumo das rações com os fatos noticiados e que prestou informações às autoridades competentes.

O departamento jurídico da Andrealan, na época, reclamava de não ter tido ainda acesso aos inquéritos que tramitavam sobre as mortes de cães e que estava pedindo providências às autoridades. A empresa chegou a afirmar as “boas práticas” da indústria e pedia que, caso qualquer consumidor tivesse verificado alguma anormalidade após o consumo dos produtos da Andrealan, que entrasse em contato por meio do telefone (48) 3657-0051.

 

Polícia conclui inquérito e remete à Justiça responsabilizando suspeitos por crimes contra a relação de consumo. Foto: Polícia Civil / Divulgação

FONTE: GZH

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