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Irmãs adotadas por famílias diferentes se conhecem após 30 anos separadas
28/06/2022 16:14 em NOTICIAS

Desde a adolescência, quando saiu de casa, o sonho de Camila Buchele, de 33 anos, natural de Itajaí, no Litoral Norte catarinense, era conhecer as três irmãs, que foram adotadas logo após o nascimento. Mas foi só depois de mais de três décadas que as histórias de Bianca Bernando Amorim, de 34 anos, e das gêmeas Julia e Juliana Alberich, de 31, se reconectaram.

 

Apesar de Camila, que é dona de casa, diariamente buscar, desde os 16 anos, por informações que a pudessem levar até as irmãs, foi uma ligação inesperada da jornalista Julia, em 2020, que iniciou o encontro do quarteto.

Morando na Espanha, Julia contou que chegou à irmã após ter acesso à própria certidão de nascimento, onde constava o nome da avó como testemunha. Ela começou a mapear informações na internet e acabou encontrando um tio, que passou a ela o contato de Camila.

Camila e Julia se viram pessoalmente em São Paulo em 7 de setembro de 2020, quando a mais nova estava em viagem ao Brasil para visitar a família. Elas passaram uma semana juntas.

As gêmeas Julia e Juliana foram adotadas juntas por um casal de São Paulo e têm cidadania espanhola. O encontro presencial de Camila e Juliana, contudo, ainda não aconteceu porque a gestora em recursos humanos mora nos Estados Unidos. Mas as ligações por chamadas de vídeo, segundo Camila, são frequentes.

 

Encontro improvável

Ligada em ações sociais que envolvem a temática da adoção, Camila percebeu que pessoas começaram a adicioná-la em uma rede social após um projeto que participou em Itajaí no início de 2022. Um deles, um advogado de Brusque, no Vale do Itajaí, chamou a atenção dela.

Camila aproveitou a oportunidade e questionou se o profissional atuava na área da família e se poderia ajudá-la a encontrar Bianca, a mais velha, que ainda não havia sido identificada pelas irmãs. “Ele me disse: ‘Então… É sobre isso que queria falar. A pessoa que você está procurando é minha esposa’. Eu disse que ele estava mentindo”, relembra.

Hoje as duas conversam diariamente. “Eu tenho meus sobrinhos, dois sobrinhos. Nunca tive isso”, comemora. Elas se conheceram em 3 de fevereiro de 2022.

Uma vida à procura

Única do quarteto que não foi adotada, Camila saiu da casa dos avós durante a adolescência para procurar as irmãs. “Meus avós ficaram comigo, mas essa não era uma opção válida. Eu digo que tinha uma casa temporária”, comenta Camila. Isso porque ela, que também é ativista social, chegou a morar no lar de algumas famílias, mas sempre acabava voltando para a residência da avó e do avô.

Ela buscou trabalhos que priorizassem o atendimento ao público, como lojas, hospitais e correios, para aumentar as chances de encontrar alguém que pudesse conhecer as irmãs.

Em uma unidade de saúde, há oito anos, ela conheceu uma enfermeira que atuava na área da obstetrícia no local e no período que as irmãs nasceram. “Fui procurar enfermeiras que trabalhavam lá nas décadas de 1980 e 1990”, conta.

A profissional disse que se lembrava das gêmeas e antecipou que elas haviam sido adotadas por um casal de São Paulo. Ela disse que não sabia onde a mais velha estava, mas que se lembrava de alguém chamando por Roberta Caroline, como Bianca foi nomeada pela família biológica ao nascer. Ela foi para adoção com três meses. “Minha avó mostrou uma foto que tirou da minha irmã antes de ela ir para adoção”, conta. Essas, no entanto, foram as únicas informações que Camila conseguiu até o primeiro contato de Julia, em 2020.

Hoje com as irmãs em contato, Camila trabalha em casa e participa de projetos sociais, principalmente aqueles ligados ao tema da adoção. Ela e o marido têm dois filhos, Valentina, de 11 anos, e João, de 5, mas planejam adotar também em breve.

Após conhecer as irmãs, Camila conta que procurou a mãe para ouvir a versão dela e a perdoou. “Perdoar e ressignificar”, sintetiza a filha. O pai morreu quando as meninas ainda eram crianças.

 

Fonte: G1

Rádio Cidade Cruz Alta e Jornal Tribuna

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