Alguns dos suspeitos de integrar a facção moravam em casas de alto padrão na Região Metropolitana de Porto Alegre. Um dos chefes da quadrilha, Maurício de Souza Konzen, aparece usando uma tornozeleira eletrônica enquanto estava na piscina de um imóvel em Novo Hamburgo. A Defensoria Pública diz que só vai se manifestar nos autos do processo e aguardar se o investigado será atendido pela instituição ou por um advogado particular.
Em outro imóvel, na Capital, foi encontrado um urso de pelúcia com mais de R$ 40 mil no interior do objeto. Uma das suspeitas, Larissa Pascoal da Silva, foi presa no apartamento. Ela costumava enviar vídeos dirigindo carros para o companheiro, Thiago Silva Cruz, outro chefe da facção, que já estava preso.
A defesa da suspeita diz que não teve acesso ao processo e que só vai se manifestar nos autos. Em relação a ele, a Defensoria Pública afirma que só vai se manifestar no processo.
A investigação sustenta que a facção usava até aviões para trazer drogas ao Rio Grande do Sul. Era comum que as aeronaves sobrevoassem locais públicos. Em uma troca de mensagens, um dos pilotos chega a combinar com Thiago um sobrevoo sobre a penitenciária em que estava.
“Manda a localização aí, que eu vou passar voando aí em cima daqui a pouco”, diz o áudio.
A investigação sustenta que a quadrilha montava departamentos para cuidar das operações. O tráfico de cocaína, segundo a polícia, era a principal atividade do grupo. Além disso, os envolvidos comandariam um esquema de crimes patrimoniais, com roubos de veículos, imóveis e lavagem de dinheiro.
A facção já estaria em contato com traficantes da Bolívia, ligados ao cartel mexicano de Sinaloa. Os bolivianos usavam até submarinos para enviar drogas para o México e os Estados Unidos. O dinheiro da venda dos entorpecentes financiaria a compra de armas, que podiam ser usadas pela própria facção ou alugadas para assaltos e roubos.
Para disfarçar a origem do dinheiro obtido via tráfico e roubos, a facção investia em pedras preciosas, diz a polícia. Além disso, o grupo contava com um esquema de falsificação de documentos e de adulteração de carros roubados para vendê-los em concessionárias.
A Polícia Civil também afirma que organização utilizava bloqueadores de sinais para soltar integrantes em prisão provisória. O aparelho bloqueava o sinal de videochamadas utilizado pela Justiça, forçando o adiamento de audiências.
Foto: Polícia Civil/Divulgação
G1.RS