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Pesquisa da UFSM reconstituiu cervo já extinto de 2,5 metros;
04/03/2022 11:24 em EDUCAÇÃO

Uma pesquisa da doutoranda em biodiversidade animal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Emmanuelle Fontoura, de 26 anos, reconstituiu o maior cervo que já habitou a América Latina, que já é extinto. Através de uma reconstrução artística computadorizada, o estudo descobriu que o Antifer ensenadensis pode ter atingido até 206 quilos, quase o dobro do peso estimado anteriormente, que era de 120 quilos.

 

A outra espécie que tinha o título de maior do continente pesava cerca de 150 quilos.

A estudante e pesquisadora explica que a reconstrução foi possível através do crânio e das galhadas do animal, que ainda estão preservadas."Agora a gente tem uma metodologia mais moderna que não danifica os fósseis, que é a tomografia computadorizada. Então a gente tomografou esses espécimes e conseguiu analisar tudo digitalmente, reconstruiu como seria o encéfalo desses animais e conseguiu analisar em comparação com os cervídeos que a gente tem hoje em dia. A gente também tomografou várias espécies de cervídeos atuais pra fazer essa comparação", diz.O restante da estrutura do animal é feita através da comparação com outros cervos e com o tamanho das galhadas, já que a estrutura do animal é definida por isso.

A estimativa é de que em altura, o animal tenha tido cerca de 2,5 metros.

 

 

 

"Ele seria um pouco maior que o cervo do pantanal, que mede 1,5m sem as galhadas. Portanto eu diria que ele atingiu cerca de 2,5 metros, contando com as galhadas".

 

Emmanuelle diz que antigamente era comum a presença de animais de grande porte na natureza.

"Era a época que a gente chama de mega fauna, então não só os cervídeos, vários animais como preguiça gigante, tatu gigante, todos eram de animais de grande porte. Tem vários fatores que influenciam no porque desse tamanho. Um deles era o clima. A gente tinha climas mais frios que permitiu que os animais crescessem e permanecessem grandes. Uma das teorias do porquê que eles reduziram de tamanho foi porque começou a aquecer", diz.

 

Importância do estudo

 

 

Emanuelle destaca que o estudo inovador também impacta em pesquisas sobre o modo como os animais viviam antigamente e hoje em dia.

"A gente pode observar comparando o antífer que é um animal gigante, com os cervos pequenos que vivem hoje. A gente consegue ver que o cérebro, ele é maior em cervídeos pequenos e é menor em cervídeos grandes, comparando proporcionalmente", diz.

Segundo ela, fatores como o clima e o ambiente em que eles vivem afetam nessa diferença.

"Porque provavelmente aquele cervídeo de grande porte ele não era tão predado, não sofria tanta competição, quanto os cervos pequenos, normalmente animais de pequeno porte eles sofrem mais predação, eles precisam se adaptar a ambientes, competir com outros animais porque eles são menores, então eles precisam ter um cérebro desenvolvido pra poder suportar essas pressões seletivas que tem no ambiente".

 

 

 

Emmanuelle Fontoura, autora da pesquisa sobre o cervo Antifer — Foto: Arquivo pessoal

 

Por Gabriela Clemente, g1 RS

 
 
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