“São contatos poéticos, porque o projeto não é só emprestar livro para a comunidade, também é a minha presença na cidade. Brinco com as crianças, recito poesia para os velhinhos, toco saxofone para os casais, e é muito bacana”, diz.
Com uma carreira de mais de 30 anos, o escritor Pedro Marodin tem mais de 10 livros publicados, com temáticas que vão da poesia ao diário de viagem. Na apresentação do romance “O Grande Minerador”, lançado em 1994, escrita por Luis Fernando Verissimo, Marodin é descrito como “um desses inocentes que veem as coisas na sua clareza e sabem transmitir a limpidez da sua visão” e que “usa todos os sentidos para flagrar os tons do mundo e os transforma em fotos, músicas e poesias”.
A partir dos 1990, o escritor tornou-se uma espécie de disseminador cultural itinerante. Na esteira dessa missão, de levar arte para as cidades, surgiu a BiblioVan. Não à toa, Marodin sente-se confortável com o que muitos considerariam perrengues:
“Durmo aqui na van. Estaciono em posto de gasolina de beira de estrada ou em um camping e tomo banho nesses lugares. Às vezes, alguns amigos colocam à disposição cozinha, chuveiro, máquina de lavar roupa”, diz, em tom de bom humor.
Mesmo que desde o ano passado o projeto não receba mais verbas de auxílios emergenciais, a BiblioVan conseguiu se tornar uma iniciativa autosustentável. E esse é outro motivo de orgulho para Marodin.
“Os livros que eu empresto e não voltam geram os espaços vazios das prateleiras, mas eu ocupo com obras que a comunidade traz como doação. Se tornou um projeto autosustentável, o que faz com que eu fique muito feliz. Jamais esperava um retorno tão grande. É um barato!”, celebra.
Nas próximas semanas, Pedro vai passar por Pelotas e Passo do Sobrado.
“Em abril voltarei pra região de Pelotas, depois Canguçu, Piratini, Dom Pedrito, Bagé, Candiota. Serão 3 meses nesse roteiro da campanha… depois quero fazer a região dos vinhedos, não quero ficar o inverno muito longe dos vinhos e do aconchego da serra gaúcha”, brinca.
Fonte: Observador Regional