O atleta de 27 anos nasceu em Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, mas pouco jogou no país. Nos últimos cinco anos, passou por clubes da Turquia, Finlândia e Albânia.
Na Ucrânia morava há cerca de seis meses. Agora, vai rever os pais, a esposa e os filhos.
“Não vejo a hora de poder chegar e dar um abraço neles, porque foi muito tenso o que passei”, diz.
Lucas morava em uma cidade a cerca de 1h30 de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia. Na terça-feira (1º), um míssil atingiu um prédio do governo regional.
Explosão atinge prédio em Kharkiv; veja antes e depois — Foto: Google Street View / Ukrainian State Emergency Service.
Avisado por um colega de time, Lucas decidiu fugir da cidade onde morava. “Convoquei meus amigos, os mais próximos, estrangeiros, porque os ucranianos são obrigados a ficar. E aí começou nossa fuga para Lviv”.
Para não passar por Kiev, onde já havia bombas, o jogador e os companheiros fizeram uma rota alternativa para a fronteira da Ucrânia. “Se a gente passasse por Kiev, não sabia se ia sobreviver”.
Um trajeto que seria de cerca de 13 horas acabou levando 30, conta ele.
Depois, ainda seguiram 5 horas a pé. Na fronteira, encontraram uma fila de ucranianos e uma de estrangeiros para deixar o país. Ao chegar na Polônia, veio a sensação de alívio.
“Só quem estava lá sabe o inferno que é aquilo. Tu vê muitas tragédias. Os pais tendo que entregar as crianças por cima do portão para as mães, as crianças chorando. É muito triste. Jamais pensei que ia passar por isso”, disse.
A ida para o time ucraniano representava a esperança de construir uma carreira de sucesso no futebol, diz Lucas. “Eu estava vivendo um momento muito feliz, porque fui diretamente com a minha família para a Ucrânia. Comecei a fazer bons jogos, me destacar. A felicidade do atleta quando começam a acontecer coisas”, reflete o atleta.
“Pra mim foi muito triste quando essa guerra estourou, mas deixo um recado pra todas as pessoas, que aproveitem sua família, não perca tempo de falar um ‘eu te amo’ pro teu pai. Tu vê como um beijo ou um abraço faz falta. Quando tá numa situação dessa, a única coisa que vem [na cabeça] é a tua família e as pessoas que tu ama”, afirma.
Fonte: Observador Regional