A autoridade portuária responsável pela administração do terminal de Rio Grande, no Sul do Rio Grande do Sul, se reuniu, nesta quarta-feira (2), com produtores de fertilizantes para tratar dos possíveis impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia no setor. Isso porque, segundo a Superintendência da Portos RS, cerca de 30% dos insumos importados pelo estado são russos.
O superintendente Fernando Estima trata o cenário como "preocupante e desafiador" para os próximos meses, mas ainda não projeta desabastecimento.
"Eu me atrevo a dizer que até maio, junho, já existem meios que nos indicam que o mercado estará atendido. [...] O cenário é que a gente vai precisar no minimo 90 dias para poder começar a chegar uma fase de desabastecimento", afirma.
Os impactos de uma eventual falta de fertilizantes devem atingir a produção de soja, principal exportação do Brasil. Décio Teixeira, presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) no RS, diz que, sem os fertilizantes, a produção, o faturamento e, consequentemente, o produto interno bruto (PIB) do Brasil irão cair.
"Vamos ter uma redução de produção por falta de produto, isso é lógico. Eles vão atingir o calcanhar de aquiles do Brasil, que é a grande produção primária", avalia.
Até sexta-feira (4), a Associação Brasileira de Fertilizantes deverá reunir informações dos impactos e apresentar um diagnóstico do mercado. O setor já monitora alternativas para suprir a demanda caso a crise se aprofunde. Para isso, os importadores deverão analisar os riscos para acomodar a logística e os prazos necessários de cada safra.
"Nós estamos tentando mediar agora essa questão, se tem produto para abastecer de outros lugares, como é o caso do Canadá, que tem uma produção importante de alguns insumos para fertilizantes", analisa Estima.
Importações da Rússia representam 30% do total de insumos que chegam ao estado. Superintendente prevê atendimento das demandas até o meio do ano, mas fala em alternativas.
Por Augustine Timm, RBS TV Pelotas