Essa é a condição mais severa do RS desde sua entrada no Mapa do Monitor da ANA, em agosto de 2020. Com uma área com seca de 281 mil km², o Rio Grande do Sul fica atrás somente de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul nesse aspecto.
Efeitos também na pecuária
Na região das Missões, em municípios com São Luiz Gonzaga, Santo Antônio das Missões, Bossoroca e São Borja, o campo que deveria servir de pasto para o gado inexiste. Os animais costumam se deslocar, até se escondendo embaixo das árvores.
O pecuarista Jorge Alberto Dutra, que cria gado de corte entre Santo Antônio das Missões e Bossoroca, no Noroeste, tem cerca de 120 cabeças de gado. A única fonte de alimentação são as pastagens, mas elas estão secas.
"Desde agosto, não chove normalmente. Estamos nessa situação precária. É granjeiro, é pecuarista, todos estão nessa situação", diz.
"Não tem mais pasto. O pasto, quando ele começa secar, começa perder nutrientes, proteínas. Só que essa nossa situação aqui não tem pasto também. Não dá nem pra chamar. É terra", afirma a veterinária Vanessa Moreira Souza.
Para alimentar o gado, o jeito é buscar alimentos em outras regiões, o que encarece o custo da produção.
"Estou dando ração com sal mineral. O pasto não estamos conseguindo, não estou conseguindo feno, não estou conseguindo ração. Não sei, a minha situação é crítica", diz Jorge.
Como falta pastagem e água nos açudes, o resultado é um rebanho cada vez mais fraco e com baixo peso.
"Escore corporal entre um e dois. Está quase subdesnutrido, já está bem afetado", afirma Vanessa.
O cenário crítico já causou a morte de cinco animais de Jorge. Para não ter ainda mais prejuízos, ele decidiu antecipar a venda do gado, mesmo sem as condições ideais.
"Vou vender terneiro, vou tentar vender vaca, mas estão muito magras, muito debilitadas. O preço está pouco, e nós estamos naquela esperança da chuva", diz Jorge.
E quem compra leva um animal longe do padrão do mercado.
"Vai comprar um gado magro, vai levar um gado leve, que o produtor não vai poder agregar peso nesse gado. E também não vai ser para o pessoal da nossa região, vai ser gente de fora, que vai ter que vir comprar esse gado, porque não temos disponibilidade de pasto infelizmente", reclama Luís Antônio Guimarães do Prado, presidente do Sindicato Rural de Santo Antônio das Missões.
Veja a lista de cidades em situação de emergência:
Por Éverson Dornelles, g1 RS e RBS TV