Nos anos seguintes, o servidor foi convidado para ser diretor adjunto do Departamento de Segurança e Execução Penal (Dsep), em Porto Alegre, passou alguns meses novamente como agente penitenciário em Pelotas e voltou à capital gaúcha, agora como o responsável pela Assessoria de Relações Institucionais da SJSPS, cargo que exerce até hoje."O que fez eu tomar a atitude de denunciar é que não vi nenhum comentário a respeito do meu trabalho. Ninguém fala que eu não chego no horário ou que não trabalho direito. São comentários ofensivos e homofóbicos com fotos minhas e do meu noivo", diz.
Em seu novo cargo, Schwartz tem trabalhado pela inclusão no sistema penitenciário do estado. Recentemente, um concurso para agente penitenciário da Susepe incluiu cotas para pessoas trans — um movimento acompanhado de perto e estimulado por ele.Schwartz foi responsável também por uma cartilha de bom comportamento para agentes penitenciários lidarem com detentos da comunidade LGBTQIA+."É um ambiente machista. Minha turma de agentes penitenciários é a primeira com nível superior, então isso vem mudando, mas ainda temos pessoas intolerantes e com pensamento retrógrado. Temos presos homossexuais, e os agentes não têm direito de dizer quem vai entrar ou não no sistema prisional. São todos iguais, e são pessoas que já receberam sua pena, não temos que julgar", avalia. Por meio de sua denúncia, Schwartz pretende transformar o ambiente mais seguro para membros da comunidade LGBTQIA+ que queiram adentrar no mundo do serviço público no sistema prisional."Recebo muitas mensagens de homens gays que querem saber se é tranquilo ou não. E eu sempre falo que é, que eles devem seguir. O pensamento já mudou bastante. Isso me motiva", garante.
Nota da Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo
A Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo se opõe a qualquer tipo de preconceito e desenvolve diversas ações de enfrentamento à discriminação, seja de orientação sexual ou de gênero, raça, sexo, classe e idade. Os valores dos direitos humanos são aplicados nos sistemas penal, socioeducativo, de justiça e nas políticas de consumidor.Destacamos a importância e o fortalecimento das cotas para as minorias sociais em concursos realizados para instituições ligadas à Secretaria.
Qualquer servidor que denunciar algum tipo de preconceito sofrido receberá todo o apoio da Secretaria e do Secretário Mauro Hauschild, e contará com medidas que busquem responsabilizar quem tem esse tipo de conduta, que fere a paz social e a dignidade das pessoas.
Por Gustavo Foster, g1 RS