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Estudantes do RS que tiraram quase nota máxima na redação do Enem dão dicas para ir bem na prova
EDUCAÇÃO
Publicado em 11/02/2022

Para muitos estudantes que se preparam para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o teste que mais causa aflição é o de redação. Como o tema só é conhecido na hora do exame, é comum que alunos sofram por antecipação com a perspectiva de escrever um texto sobre um assunto desconhecido.

Era o caso de Paola Lindenau, de 18 anos, estudante de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, que fez 960 pontos na redação do Enem deste ano — a nota máxima é 1 mil. Uma das estratégias para diminuir a tensão foi tomada um ano atrás: antes de terminar o último ano escolar, a estudante se matriculou no Enem e fez a prova sem responsabilidades, já que não poderia se matricular na faculdade mesmo que fosse bem. Na oportunidade, conseguiu uma nota de 760, exatos 200 pontos a menos do que no exame deste ano.

 

"Eu fiquei muito nervosa na primeira vez que fiz, inclusive porque não conseguia achar a parte da redação nas folhas da prova. Fica lá no meio das questões. Quem nunca viu a prova na vida pode ficar tenso, como eu fiquei. O fato de eu já conhecer a prova me ajudou desta "vez", conta. As notas do Enem foram divulgadas na noite da quarta-feira (9). O ministro da Educação, Milton Ribeiro, anunciou a antecipação da divulgação do resultado. A previsão era divulgar às 19h, mas só às 23h os estudantes tiveram acesso ao sistema.

Carta curinga

 

 

O tema da redação na prova deste ano foi "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil". Mesmo que goste de escrever e garanta que tem mais facilidade com matérias ligadas à língua portuguesa e literatura, a canoense diz que é difícil se preparar para o conteúdo a ser abordado na redação. Já a forma, segundo ela, pode ser trabalhada."Eu não tinha muito conhecimento sobre esse tema, e era algo que eu não estava esperando, mas durante o ano estudei para desenvolver um repertório 'curinga', de ferramentas que possam ser encaixadas em diversos temas. Algo que usei bastante nesta redação foi citar a Constituição, conhecer alguns artigos e usá-los na argumentação. Neste caso, falei sobre artigos que garantem direitos iguais a todos", diz Paola, que deseja cursar a faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Além do último ano de colégio, a estudante fez cursinho pré-vestibular por 10 meses e era estimulada a escrever uma redação por semana. Somadas aos períodos de aula, Paola conta que estudava cerca de duas horas a mais sozinha em casa.Quem também usou a prova do ano passado para se preparar foi Guillermo Larrosa, estudante de 20 anos, também morador de Canoas. Para ele, que fez 980 pontos na redação deste ano, foi importante para entender o que o ajudava e o que o atrapalhava no momento do teste.

Mas, para Larrosa, a melhor forma de se preparar para escrever uma boa redação é acumular conhecimento sobre o máximo de temas possíveis. Não à toa, seu texto teve quase nota máxima.

"A primeira vez que vi o tema, fiquei um pouco preocupado. É um tema relevante, mas não tão visto. Relendo meu texto, perecebi que ter repertório é importante. Ir atrás de material diferente, seja em livro ou não. Citei 'Os Miseráveis' no meu texto, falando sobre a mudança de identidade de Jean Valjean. O tema ser sobre cidadania, a importância de ter a documentação, então, encaixa muito. Ter esse repertório me ajudou demais", conta o estudante, que deseja cursar Engenharia Elétrica.

Ele também ressalta que é importante atentar para a fórmula pedida pelo Enem no texto. Ele caracteriza o tipo de texto pedido pelo exame como uma "receita de bolo", citando como exemplo a necessidade de se apresentar uma "proposta de intervenção" — regra do Enem que exige que o candidato proponha no texto ações inovadoras que caminhem para a solução do problema proposto no exame.

"Não se prepare para um tema, e sim para fazer uma redação no modelo Enem. É uma prova muito metódica, tem quase uma receita de bolo. No ano passado, tirei 600 e poucos, e perdi muito ponto por não fazer a proposta de intervenção. Fazendo isso, já são praticamente 200 pontos. Entender essa fórmula de como escrever a redação é algo que ajuda", garante.

 

 

Guillermo Larrosa, estudante de 20 anos de Canoas, fez 980 na redação do Enem — Foto: Guillermo Larrosa/Arquivo pessoal

 

 

Por Gustavo Foster, g1 RS

 
 

 
 
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