“Certo que eles sabiam que estava com problema e, mesmo assim, deixaram a gente ir. O rapaz orientando para não utilizar o cinto, isso eu lembro com detalhes, porque se todos tivessem utilizado o cinto… Minha cunhada, infelizmente, não colocou, porque ela achou que era seguro, que o cinto era malfeito”, explica.
O advogado do parque, Vinícius Iraí, afirma que o brinquedo não funciona sem o acionamento do cinto de segurança.
“Todas as condições necessárias pra funcionamento estão em dia, seguindo todas as normas técnicas do CREA”, disse.
No carrinho, estavam o marido dela, a irmã e a cunhada. A família resolveu se divertir no brinquedo antes de viajar de volta para casa, em São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. “Pior coisa que a gente fez”, lamenta Ana.
O irmão de Ana foi na frente, em outro carrinho. Todos teriam percebido que, ao longo do percurso, ele “travou” nos trilhos, mas conseguiu concluir o trajeto. Em seguida, quando a viagem do irmão foi concluída, embarcaram Ana e os demais familiares.
Ela disse que o cinto estava “solto” e que teria sido nesse momento que o funcionário afirmou que ele não era necessário, pois o brinquedo era seguro.
Já em cima dos trilhos, o carrinho teria perdido força na primeira subida, situação que foi acompanhada de um barulho alto. O carrinho continuou subindo, no entanto, mas voltou a perder força na metade do caminho.
“O cara, ao invés de frear o carrinho, ele continuou fazendo força e o carrinho começou a se tremer todo. Meu esposo, ele segurou na grade, tem uma grade dos lados, ele tentou segurar o carrinho porque ele começou a girar para trás e a gente ia cair de cabeça nos trilhos”, relata.
Nesse momento, o carrinho já havia se desprendido dos trilhos. O marido de Ana não conseguiu segurá-lo e o carrinho caiu de lado. Ana, o marido e a irmã caíram primeiro no chão, junto do carrinho. No entanto, a cunhada caiu depois, tendo se chocado duas vezes contra os trilhos antes de atingir o solo. Todos acabaram desmaiando.
Ana acordou com o seu irmão gritando por ajuda.
“Eu comecei a chamar pela minha cunhada: ‘só me diz que ela tá viva, por favor’. Ela começou a gritar de dor, daí, eu soube que ela estava viva. Lembrei da minha irmã, olhei para frente e ela estava dentro do carrinho. Ela conseguiu ficar dentro do carrinho junto comigo, só que ela estava na frente e eu atrás”.
O marido dela estava caído no lado oposto ao que estava o carrinho.
Ana, o marido e a irmã foram levados para o Hospital de Tramandaí. Eles já receberam alta. A cunhada, com ferimentos graves, foi encaminhada para o Hospital Divina Providência, em Porto Alegre. Ela sofreu lesões na coluna e nas costelas e está com cirurgia marcada para este sábado (12).
Ana indica que deve buscar algum tipo de reparação judicial por parte dos responsáveis pelo parque de diversões.
O parque está interditado. A Polícia Civil investiga o caso. “Esse inquérito policial busca apurar responsabilidade criminal, que hoje nós temos lesões corporais culposas com quatro vítimas, e apurar também se o parque recebeu alvará por parte do município e se a fiscalização está em dia”, diz o delegado responsável Antônio Carlos Ractz Jr.
A equipe da perícia criminal do Instituto-Geral de Perícias esteve no local na terça. O parque foi fechado e isolado para o trabalho, realizado pela Divisão de Engenharia Legal do Departamento de Criminalística. O laudo deve ser concluído em 30 dias.
A apuração preliminar da polícia dá conta de que o brinquedo não estaria em boas condições.
“Pelo que constatamos esse brinquedo não estaria nas suas melhores condições, tem alguns problemas na montanha-russa que caiu. A perícia vai poder confirmar o que aconteceu com esse brinquedo”, destaca.
Os responsáveis pelo parque se colocaram à disposição da polícia e serão ouvidos.
A Prefeitura de Imbé informou, por meio de nota, que a instalação parque foi autorizada após assinatura de um termo administrativo “que permitiu à empresa utilizar uma área pública – historicamente ocupada para a mesma finalidade na temporada de verão – para desenvolvimento das suas atividades recreativas. Tal autorização se deu após apresentação de proposta que cumpriu todas as exigências pré-estabelecidas pelo município no chamamento público realizado entre os meses de novembro e dezembro de 2021”.
“Todas as condições necessárias pra funcionamento estão em dia, seguindo todas as normas técnicas do CREA. O brinquedo não funciona sem o acionamento do cinto de segurança.
Outras informações a empresa aguardará os laudos da perícia, sendo que toda documentação que o parque estava apto pra operar encontram-se com os órgãos de segurança.”
Foto: Maria Eduarda Ely / RBS TV
Fonte: G1