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Água potável do RS apresenta alto índice de contaminação química e biológica, diz pesquisa
SAÚDE
Publicado em 07/02/2022

Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) constatou que a água potável no estado apresenta alto índice de contaminação química e biológica.

De acordo o estudo desenvolvido dentro do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da UFRGS entre 2016 e 2020, a contaminação biológica se dá por Giardia e Cryptosporidium, que são protozoários causadores de doenças intestinais. Já a química é causada por 17-alpha-etinilestradiol, hormônio sintético que pode causar câncer.

Entre 202 mananciais superficiais do estado, 56 possuem alta concentração dos protozoários. De 2.304 amostras de água não tratada, 223 apresentaram esses microrganismos. As populações mais impactadas são as das cidades de Porto AlegreViamãoPasso Fundo e Capão do Leão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece, por exemplo, que a tolerância para a infecção por Giardia é de um caso a cada mil pessoas. Na Capital, os cálculos sugerem que o risco de contágio é 10 vezes maior: um caso a cada 100 pessoas.

 

"Isso deve ocorrer devido ao abastecimento de água potável se dar a partir de dois rios muito poluídos: o Rio dos Sinos e o Rio Gravataí", explica o engenheiro químico Luciano Zini, à frente da pesquisa.

 

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Os resultados do estudo sugerem que, no interior do estado, a presença dos protozoários na água se dá devido à produção pecuária. Os microrganismos são encontrados em fezes de animais, principalmente gado bovino.

Já sobre a presença de 17-alpha-etinilestradiol na água, ele conta que ela pode ser explicada pela falta de tratamento do esgoto. O hormônio sintético é lançado no meio ambiente pela descarga de esgoto doméstico. Houve locais em que a concentração na água era 260 mil vezes maior do que o limite estipulado pela OMS.

 

As hipóteses levantadas pela pesquisa sugerem que as contaminações químicas não previstas pela regulamentação brasileira se devem ao fato de o Padrão Brasileiro de Potabilidade não contemplar os contextos locais, mas, sim, parâmetros mais gerais.

 

Amostras do Rio do Sinos mostram turbidez elevada da água — Foto: Reprodução/RBS TV

 

Por João Pedro Lamas, g1 RS

 

 
 
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